Stella Valentino Lonoris Sauvignon Blanc 2023

 

Stella Valentino Lonoris Sauvignon Blanc 2023 – Andradas – Minas Gerais – 100% Sauvignon Blanc, com colheita de inverno. A coloração é de um amarelo palha brilhante. Álcool 14%.  Os aromas mostram pera, maçã verde, seguido de frutas cítricas, maracujá, grama cortada, tomate e goiaba. Na boca apresenta leve picância, boa acidez e corpo untuoso, repetindo o olfato, com leve amargor no final. Longo final com o maracujá se mostrando. Avaliação: 89/100 Pontos. Preço: R$ 130,00, na  Vinícola.

Na Vinícola Stella Valentino

Um pouco da História da Stella Valentino. Descendentes de italianos, a família Stella veio para o Brasil por volta de 1888 com o objetivo de trabalhar nas lavouras de café dos Barões da região de divisa dos estados de Minas Gerais e São Paulo. Chegaram em Andradas junto com outras 250 famílias, deram início à produção própria de café, única fonte de renda da família na época e plantavam uvas para a produção de vinho no intuito de consumo próprio .Com o fim da produção do café, tais lavouras deram lugar às parreiras de uva que eram vendidas para adegas. Andradas na época contava com diversas adegas e era referência na produção de vinho. Com o passar dos anos, tal cultura foi perdendo forças e o vinho passava a ser buscado no Rio Grande do Sul e comercializado em terras andradenses.

José Procópio Stella se formou em 1972 no curso de agronomia, com a finalidade de trabalhar com a produção de uva e vinho, mas não encontrava trabalho. Construiu sua vida profissional em outro meio, até que em 2002 inicia o projeto de produção de vinhos finos. Nasce a Vinícola Stella Valentino. Durante a degustação ouvimos do Procópio toda a sua saga para buscar a qualidade de seus vinhos, especialmente o pioneirismo da produção de Tempranillo.

O projeto conta com a produção dos Vinhos Sauvignon Blanc, Syrah, Tempranillo e Marsanne. Um projeto de estrutura tradicional, que contrasta com a modernidade das adegas em construção, a tecnologia na vinificação e seus vinhedos.

Uma antiga casa construída pelo tetravô de José Procópio Stella mantém viva as raízes da família Stella Valentino. Um ambiente tranquilo, preservado para a degustação. E as raízes não param por aí. Cada vinho recebe o nome de um membro da família. Valentino Stella, tetravô, batiza a marca. Modestus vem de Modesto, bisavô de José Procópio. Ângelo, irmão de Modesto, dá nome ao Angelus e o resgate da família Stella Valentino se mantém forte nessa história.

Uma visita obrigatória em Andradas!

Bonventi Gran Syrah 2021

 

Bonventi Gran Syrah 2021 – Espirito Santo do Pinhal – Brasil – 100% Syrah, com passagem de 24 meses por barrica francesa e mais 12 meses de guarda em garrafa. A coloração é de um rubi profundo e brilhante. Os aromas mostram frutas negras, chocolate, notas de café, especiarias e leve cedro. Na  boca apresenta taninos  suaves, mantendo um ótimo equilíbrio com acidez e álcool, repetindo as sensações do olfato. Bom final com o chocolate se mostrando. Avaliação: 89/100 Pontos. Degustado na vinícola. O rótulo ainda é provisório e se encontra em desenvolvimento

Na Vinícola & Hospedaria Bonventi

Vinícola & Hospedaria Bonventi é tudo de bom:  a recepção, o carinho dos funcionários, a excelência da cozinha e as instalações. Juliana e Alex, amantes do vinho e do café, instalaram-se há 5 anos em Espirito Santo do Pinhal, para realizar seus sonhos. A  identidade do projeto leva o sobrenome  e o brasão da família em cor de cobre, estampado na entrada.

O projeto de vinhos, na sua segunda safra, conta com área plantada de Syrah-1 ha, Sauvignon Blanc-1 ha, além de algumas centenas de mudas de Merlot, Cabernet Sauvignon e Viognier. Conta ainda com parceiros da região fornecem as uvas e vinhos para completar um portfólio ainda em desenvolvimento. A produção é de 5.500 garrafas do Syrah; 2.500 garrafas  de Sauvignon Blanc ; 3000 garrafas de Cabernet Sauvignon e 3.800 garrafas de um blend de Syrah, Grenache e Marselan. Os rótulos estão em fase de definição.

Ao lado dos vinhedos existe uma plantação de Café Arábica Mundo Novo, com 4,7 hectares, produzindo um excelente café, que degustamos e compramos.

A hospedaria conta com cinco suítes, sendo duas com 50m2 e três com 45m2, todas com nomes de uvas (fiquei na Merlot) com uma vista belíssima para os vinhedos.

Na Osteria oferecem massas preparadas artesanalmente no local e com pratos exclusivos como o Gnocchi ao molho rústico, onde a Chef Mayra Arlanch tem a receita exclusiva e ninguém pode ver o preparo da pasta. O centro gastronômico funciona para almoço e jantar, sob reservas, e, ao final da tarde, haverá um cardápio exclusivo para o sunset. O imenso salão, totalmente envidraçado, favorece a vista do maravilhoso pôr do sol para quem prefere um ambiente mais aconchegante.

Vale a pena conhecer e desfrutar dessa maravilha.

Medalla Real Merlot 2020

O Medalla Real nasceu em 1983 em homenagem a Francisco García Huidobro, ancestral da família fundadora da Vinícola Santa Rita e Marquês de Casa Real, que estabeleceu a primeira Casa da Moeda do Chile. Para comemorar o bicentenário deste acontecimento, foi fabricada uma medalha com seu rosto e com o símbolo da coroa real espanhola.

A trajetória e o reconhecimento da qualidade têm sido parte fundamental da história deste vinho, conseguindo posicioná-lo como uma marca clássica e representativa da Vinícola Santa Rita.

Medalla Real Merlot 2020 – Chile – Valle do Rapel – 100% Merlot, com amadurecimento  de 6 meses em carvalho. Álcool: 13,5%.  A coloração é de um rubi profundo e brilhante. Os aromas mostram cereja, ameixa, mirtilo, baunilha e toque floral. Na boca apresenta um corpo médio, taninos suaves, acidez equilibrada, repetindo as sensações do olfato com um caramelo adicional. Bom final com a baunilha se mostrando. Avaliação: 89/100 Pontos. Preço: R$ 65,00, no Pão de Açúcar.

Garbo Inquieto 2022

O Garbo Enologia Criativa é um dos ótimos achados na rota turística dos Caminhos de Pedra, em Bento Gonçalves. Fruto da sinergia de três enólogos, amigos unidos pelo vinho, o espaço funciona como winebar e loja de vinhos, com rótulos que são verdadeiros experimentos com os conhecimentos de vinificação, que colocam a figura do enólogo no centro do processo. Localizado na parte superior ao tradicional restaurante Casa Vanni, é uma ótima pedida para um happy hour ou algumas taças antes do almoço ou jantar. Servem pequenas porções, pizzas, tábua de frios e harmonizações dos seus vinhos ótimos e criativos com queijos ou chocolates artesanais.

Garbo Inquieto 2022 – Brasil –Bento Gonçalves – Caminhos de Pedra – Merlot (92,3%) e Sauvignon Blanc (7,7%), Terroir: Cotiporã, Serra Gaúcha (Merlot) e Bagé, Campanha Gaúcha (Sauvignon Blanc), com maturação de 12 meses em barricas de carvalho francês (30% do volume total). Álcool: 13,5%. A coloração é de um rubi intenso e brilhante. Os aromas mostram frutas vermelhas, toques herbáceos e cítricos. Na boca apresenta bom corpo, taninos suaves, acidez pontual, repetindo o olfato. Bom final com o toque cítrico se mostrando. Avaliação: 91/100 Pontos. Preço: R$ 160,00, na Anja Vinhos

 

Larentis Cepas Selecionadas Teroldego 2022

Teroldego é uma uva de origem italiana, parente distante da Pinot Noir, especificamente do Nordeste da Itália, sendo a mais importante da região de Trentino. A relevância é tão notável que originou até mesmo uma DOC desde 1971, Teroldego Rotaliano. Aparentemente o nome deriva de Ouro do Tirol (“gold from Tirol” – Tiroler Gold), por assim ser considerado pela Corte de Viena. Embora de origem italiana, essa casta muito peculiar se adaptou incrivelmente bem ao terroir do Rio Grande do Sul.

Tanto pode ser considerada como bem adaptada ao território do Sul do Brasil que Jancis Robinson em seu livro “Wine Grapes”, bem como Ian D´Agata em “Native Wine Grapes of Italy”, ao discorrerem sobre as características da uva, mencionam o Brasil como um dos seus poucos produtores (ao lado de Austrália e Califórnia).

Larentis Cepas Selecionadas Teroldego 2022 – Brasil – Serra Gaucha – Vale dos Vinhedos – 100% Teroldego, do vinhedo Santa Lúcia, com envelhecimento em barricas de carvalho francês por 12 meses de 1º e 2º usos. Depois de engarrafado descansou na cave por no mínimo um ano antes de ser comercializado. Álcool: 14%. A coloração é de um rubi, com reflexos violáceos. Os aromas mostram cereja, mirtilo, ameixa e toques de especiarias (canela, aniz). Na boca apresenta bom corpo, taninos bem marcantes, acidez exuberante, repetindo as sensações do olfato. Bom final com a canela se mostrando. Foram elaboradas 6.000 garrafas, está é a 2.490. Avaliação: 89/100 Pontos. Preço: R$ 106,00, na Vinhos e Vinhos.

Pireneus Terroir Syrah 2022

Natural de Piracanjuba, em Goiás, o otorrinolaringologista Marcelo de Souza diz que não cresceu próximo a fazendas e nunca teve experiência com plantações. Segundo ele, a paixão por vinhos surgiu quando se mudou para São Paulo para fazer uma especialização. Ele conta que era vizinho de uma importadora da bebida e que adquiriu como hábito passar pela loja para experimentar vinhos de diferentes partes do mundo. Ao voltar para Goiás, Souza continuou a estudar a bebida e passou a frequentar grupos de degustação como hobby. Em 2004, o médico saiu com a família em busca de um solo adequado para plantar o vinhedo e escolheu um terreno em Cocalzinho de Goiás, município goiano na Serra dos Pireneus. Souza fixou residência em Pirenópolis com a família, para poder conciliar os cuidados com o vinhedo e o trabalho de médico em Brazilândia, no DF. O passo seguinte foi iniciar o plantio de 78 fileiras de 200 metros de mil mudas de quatro variedades importadas da Itália: Tempranillo, Syrah, Barbera e Sangiovese. O vinho Banderas é o mais famoso produzido pelo médico, tem predominância da uva Barbera (85%) com 10% de Tempranillo e 5% de Sangiovese.

Pireneus Terroir Syrah 2022 – Brasil – Cocalzinho/GO – 100% Syrah, sem indicação de passagem por madeira. Álcool: 14,5%. A coloração é de um Rubi muito brilhante. Os aromas mostram frutas escuras e especiarias (alcaçuz), com um toque de café. Na boca apresenta bom corpo, taninos presentes e acidez equilibrada, repetindo as sensações do olfato. Longo final com o alcaçuz se mostrando.  Avaliação: 90/100 Pontos. Preço: R$ 104,50, na Vinum Rio. Presente do Dr. Osnir.

 

Falando da Sangiovese

FALANDO DA SANGIOVESE

A Sangiovese é a uva mais plantada na Itália e, mais do que isso, representa uma das principais regiões vinícolas do país. Se o Piemonte tem a Nebbiolo e o Etna a Nerello Mascalese como uvas símbolo de sua viticultura, a Toscana tem a Sangiovese como sua variedade emblemática. Suas principais denominações de origem, como Brunello di Montalcino, Chianti Classico e Nobile de Montepulciano utilizam a Sangiovese como uva base. Deste modo, para muita gente, a Sangiovese representa a máxima expressão da tipicidade do vinho toscano.

As primeiras menções a esta variedade datam de 1600, em um livro chamado Coltivazioni Toscane, onde era citada como Sangiogheto, até hoje um de seus sinônimos. Mas muita gente foi além, acreditando que a Sangiovese tem um vínculo histórico ainda mais longo com a Toscana. Ela seria cultivada localmente já pelos etruscos, antes, portanto, do surgimento do Império Romano. Embora sem comprovação científica, esta relação entre Sangiovese e Toscana sempre foi quase simbiótica. Ao menos até que a genética entrasse em campo.

Buscando as origens

Em um país com imensa diversidade de uvas como a Itália, buscar a origem de suas principais variedades autóctones é uma tarefa complexa. Porém, ao contrário do passado, onde referências históricas e estudos ampelográficos (análise das folhas videiras) eram as principais fontes, o desenvolvimento de novas técnicas na genética facilitou muito o caminho. Se o uso de testes genéticos para definir paternidade entre humanos se tornou comum, o mesmo ocorreu com as variedades de uva.

Um estudo publicado em 2002 foi pioneiro em relação à Sangiovese. Ele mostrou que a uva mais plantada na Itália tem uma relação direta (seja como ascendente ou como descendente de primeiro grau) com a Ciliegiolo, uma variedade bastante comum na Toscana. Vale lembrar que, na ausência de uma terceira uva geneticamente relacionada e/ou de um horizonte temporal definido, não era possível desvendar se a Ciliegiolo seria “mãe” da Sangiovese, ou vice-versa.

Com a comprovação científica do parentesco genético entre ambas, começou a corrida para descobrir qual seria a terceira uva com relação genética próxima. De uma só vez, isso poderia resolver dois mistérios. Em primeiro lugar, qual o parentesco entre ambas e, ainda mais importante, ajudar a definir a árvore genealógica da Sangiovese.

O elo perdido

E onde buscar o elo perdido, a uva que poderia ajudar a decifrar as origens da Sangiovese? Uma das alternativas mais óbvias era consultar a coleção de perfis genéticos de um dos maiores especialistas do mundo no assunto, o suíço José Vouillamoz. O coautor (juntamente com Jancis Robinson) da mais respeitada obra sobre varietais no mundo é guardião de mais de 3.000 perfis genéticos de uvas, com grande presença de varietais italianos, até por trabalhos prévios seus nesta área.

Inicialmente, Vouillamoz buscou identificar combinações onde a Ciliegiolo fosse descendente da Sangiovese, mas não achou qualquer variedade que pudesse preencher a lacuna. Ao usar o raciocínio inverso, porém, quatro candidatas surgiram: as tintas Calabrese di Montenuovo e Palummina Mirabella, além das brancas Malvasia Bianca e Bombino Bianco.

Em 2004, Vouillamoz anunciou o elo perdido. Ele mesmo ficou surpreso com o resultado, o que o levou a fazer uma análise ainda mais rigorosoa, que confirmou sua pesquisa inicial. Para espanto de muitos, a Sangiovese é o resultado do cruzamento natural entre a toscana Ciliegiolo e a Calabrese di Montenuovo, que, como o nome indica, é originária da Calábria. Deste modo, a uva mais símbolo da Toscana tem origens, ao menos parciais, no sul da Itália.

Calabrese di Montenuovo?

A presença da obscura Calabrese di Montenuovo como ascendente direta da Sangiovese causou verdadeira comoção. Que uva seria esta? Quais suas origens? Curiosamente, esta variedade fazia parte do amplo catálogo de perfis genéticos de Vouillamoz por conta do trabalho de uma de suas alunas de Doutorado, a italiana Laura Constantini. Em seus trabalhos anteriores analisando as uvas da região da Campania, na Itália, ela se deparou com uma variedade única.

Em um vinhedo isolado na região da baía de Napoles, mais especificamente em uma colina ao lado do Lago d’Averno, ela identificou uma variedade diferente. Esta colina é chamada de Montenuovo, pois surgiu de uma erupção vulcânica (a região fica perto do Vesúvio), sendo cultivada pela família Strigari, originária da Calabria. Na hora de dar nome a esta uva, que não foi identificada em outras partes da Itália, a associação entre nome de local e origem dos viticultores foi a melhor alternativa.

Portanto, esta obscura variedade acabou se mostrando como a “mãe” da mais plantada variedade italiana. Embora existam pesquisas apontando outras uvas como alternativas, Vouillamoz é firme ao defender suas conclusões. Para ele, não há dúvida de que a Sangiovese tem raízes no sul da Itália, até porque duas das mais valorizadas uvas da Sicília, a Frappato e a Nerello Mascalese, são descendentes diretas dela.

 

Fontes: Il Sangiovese è per metà calabrese, Vouillamoz, Monaco, Costantini, Zambanini, Stefanini, Scienza, Grando (2008); Genetic Super-Sleuthing: Sangiovese, Garancha and Tempranillo, Vouillamoz, Wine Scholar Guild

Texto publicado no Wine Fun, o portal mais completo sobre vinhos no Brasil. Capitaneado por Alessandro Tommasi

Caprili Brunello di Montalcino 2018

A empresa foi fundada em 1965 por Alfo Bartolommei. A família Bartolommei se estabeleceu no município de Montalcino no início do século passado. O núcleo original da família vivia no Podere Marzolo no Município de Cinigiano (Província de Grosseto). Em 1911, a família mudou-se para Podere Poggi, uma unidade agrícola da propriedade Villa Santa Restituta, administrando a terra como parceria (uma forma típica de gestão toscana). Nos anos seguintes, a família mudou-se de uma fazenda para outra da propriedade Villa Santa Restituta, até 1952 na propriedade Caprili. A família se instalou em Caprili com todo o seu gado, sempre gerindo a terra como meeiros. Em 1965, a família Bartolommei decidiu comprar a propriedade da família Castelli-Martinozzi, proprietária da Villa Santa Restituta. No mesmo ano, 1965, plantaram a primeira vinha, ainda hoje chamada “Madre”, da qual são obtidos clones para as novas plantas plantadas nas novas vinhas da empresa. A primeira garrafa de Brunello di Montalcino Caprili é a safra de 1978, lançada no mercado em 1983.

Caprili Brunello di Montalcino 2018 – Itália – Toscana – 100% Sangiovese Grosso, da região de Santa Restituta, com amadurecimento de 36 meses em botti de carvalho da Eslavônia.Álcool: 15%. A coloração é de um Grená intenso e brilhante. Os aromas mostram complexidade, com frutas frescas, frutas secas, pimenta preta, alcaçuz, baunilha, notas balsâmicas e toques minerais. Na boca apresenta bom corpo, taninos extremamente finos, acidez equilibrada, repetindo as sensações complexas do olfato. Longo final, com o mineral se mostrando. Avaliação: 94/100 Pontos. Preço: R$ 806,00, na Decanter Rio Preto.